O
Juventus, famoso time de futebol da Mooca, voltou a me dar alegrias neste
domingo que passou. Nem tanto pelo jogo em si, mas pelos barbados suados e
mocinhas cheirosas na fila do canole, aquele docinho que vem num tubo de massa tostadinha,
originária da Mooca com residência na Rua Javari.
Mas
voltando à fila. Enquanto o jogo corria com o Juve massacrando o adversário,
bolas nas traves, pênaltis não marcados enraiveciam a jovem e velha guarda que
unidos e como cantores de uma grande ópera gritavam em uníssono:
Hei
Juiz, vai tomar no cú!
Um
jovem de camisa amarela era o mais exaltado, subia nos alambrados e gritava
‘traz logo essa droga de canole’.
Da
fila, eu escutava, mas não conseguia sair do lugar, a fila não andava, enquanto
eu ia rememorando o que representava o velho Juve pra mim...
‘Sou
da Mooca meu!’, era uma camisa grená que passava direto, rumo à loja ao lado da
fila. Essa camiseta por acaso era de um cara cabeludo e barbudo, com saudades
do tempo do Toninho Minhoca, do Milton Buzzeto e do Clóvis.
Chorava
pra dentro e da loja mesmo acenava pra outro amigo de óculos escuros, na fila
que segurava a mão do seu filho e explicava que naquele lugar em que se
encontravam, havia histórias bonitas e engraçadas.
Tinha
aquela do gol do Pelé que todos viram, mas que ninguém filmou, havia muitos
gols de bicicleta, inclusive do Leônidas e também gols de dente de leite e
pênaltis defendidos por Heitor, Mão de Onça, Miguel e Cabeção.
Sim,
o Juve é um clube respeitado, não somos 15 como dizem, somos 13, somos vários,
somos milhões, o mundo é grená, a Mooca é grená, a rua javari é grená.
Da
fila vi o resultado do jogo, através da vibração do jovem que continuava
gritando, Juve 2.
E da
fila, também olhava a tabela fixada na parede atrás do vendedor, para quem eu
pedia Canole... 3.