Tarde de sábado, esquina da General Osório com o Largo,
chega mestre Paulo com uma escadinha para ajudar a colocar a lona e dar início
a mais uma roda de samba.
Aquele dia seria especial, era o desfile do cordão da Rua do
Samba Paulista. Meninos da cracolândia, bolivianos, gays, travestis, bancários,
jornalistas, professores, africanos, todos cabiam naquele evento.
O desfile era encantador, o cordão aumentava e a cada
esquina era incorporado por mais mestres que contribuíram para que o samba
saísse.
Feijoada, Lagrila, Hélio Bagunça, Dona Zefa, Maria da Penha,
Bernardete, Seo Nenê e Tantos outros.
Mestres que nos ensinaram que a vida também é feita de sons
e ritmos. Deixaram esse legado com os pacientes do Caps do Bibi-tantan que
embalados pelo surdo ensinado por Mestre Paulo, faziam com que o mestre sala e
a porta bandeira girassem alegres e delicados, pois foi assim, que eles
aprenderam no ensaio, a alegria da vida.
Mestre Paulo sorria e batia no bumbo tão forte quanto as
batidas do seu coração. Todos que participaram desse cordão, cantavam sem
perder o ritmo e a ginga, que de longe se escutava: ‘Agoniza mais não morre’.