domingo, 14 de julho de 2013

Nas trilhas de Paraty





 Para chegar nas trilhas, tem que passar pelas pedras, refleti-me nas poças de água, escorreguei, mas não caí...


Ou melhor, caí sim, nas areias da praia do Cachadaço, fui admirado por um cachorro vira lata que fingia ser meu segurança apenas porque eu o presenteava com algumas iscas de peixe.

Mas, voltando às trilhas e pedras, encontrei-me com Xico Sá, numa dessas ruas escorregadias que em enoite de lua cheia faz o bicho tropeçar e chegar reclamando pra todo mundo na rodoviária...

Xico parou ou foi parado para ouvir palavras... riu brincou e partiu. Ouviu barulho do teclado de uma máquina de escrever, identificou o lugar e chegou atraído por toques de dedos femininos.

Retornou, entrou numa sala, falou sobre futebol, gols e impedimentos.

Dos gols, participaram Dr Sócrates, Nelson Rodrigues, Márcio Xampu, Pernambuquinho, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, mulheres bonitas, feias e machos jurubebas.

Das virtudes falou sobre o cheiro do alho, o resto de caju na barba e comida japonesa.

Dos impedimentos, citou Renan Calheiros, José Maria Marin, Eurico Miranda, transporte coletivo, desilusão...

Mais adiante encontrei Bonassi, que falou de Waldemar, funcionário querido da antiga detenção.

Falou de jogo, botinada, expulsão e juras de morte, do perdão e da sabedoria. Citou Luiz Alberto Mendes, Memórias de um Detento e duelou com Scandurra.

O poema foi bonito.

Na praça estava Ricardo Ramos, falando da agonia da criança que perdera seu cachorrinho e pensei comigo, se seria aquele para quem eu dava pedaços de peixe, quando caí nas areias do Cachadaço.

Na verdade as histórias se cruzavam, aqui e ali, as trilhas se abriram e os personagens escolheram seu caminho.

Terminei escolhendo uma bem interessante, era a trilha da Praia Brava, fiz isso, por indicação de Xico Sá. Foi uma decisão importante, pois seguindo mais adiante, tornei a pisar as pedras e segui meu trajeto, quando deparei-me com um poema escrito com carvão na parede da casa de Bartolomeu de Campos Queiros... Me pareceu um filme de Eduardo Coutinho...