Década de 70, ditadura militar,
Genoíno chega no fim da tarde no colégio Equipe, sobe a escada para dar aula de
história no cursinho do colégio. Falou sobre a época e contou a sua história no
Araguaia. Falou sobre o major Curió e
suas barbáries, que eram muitas, não muito diferentes daquelas de Duque de
Caxias no Paraguai ou do que aconteceu em Canudos ou Contestado.
Curió virou nome de cidade no Pará
(Curianópolis), fonte de riqueza através do ouro, a cidade se tornou popnto
central da espinha dorsal do Bico de Papagaio. Geograficamente, o Brasil se
encontra em várias quebradas como Monte Santo,
Juazeiro, Serra da Barriga, Heliópolis e Paraisópolis.
Paraisópolis por exemplo, era refúgio de ‘Piauí’, liderança do tráfico
na favela e membro do PCC. Piauí também era o nome de um guerrilheiro do
Araguaia, filiado ao PC do B, um foi morto em 1970 e outro foi preso e
encaminhado para Rondônia num presídio de segurança máxima, ainda na semana
passada.
O que há em comum entre os dois?
Piauí – o morto ‘foi jogado no Vietnã, buraco aberto, no fundo da casa azul.
Ali dormia, recebia lavagem e pauladas. Na cela sofria choques de 220 volts,
gerados por baterias de telefone, tapas simultâneos nos ouvidos e socos nos
rins, no fígado, no estômago, no pescoço e no rosto.’
Já Piauí – o vivo está preso em
regime disciplinar, com direito a duas horas de sol por dia, mas não tem que
comer lavagem como o morto.
O que mudou de lá pra cá? Genoíno, já
não é mais aquele professor magrinho e cheio de ideais que subia a escada do
Colégio Equipe e ensinava história com os olhos brilhando.
Perdeu o brilho dos olhos e como
castigo voltará para a cadeia. Não encontrará Piauí, seu grande amigo, mas
poderá encontrar com o outro. Curió continua numa boa, quem sabe se a comissão
da verdade dará um ‘apavoro’ nele.
Leonêncio Nossa retorna um pouco no
tempo e propõe um acerto de contas que foi descartado e respinga nos tempos
atuais através de corrupções e barbáries, o que se estruturou como sustentáculo
dos pilares do Major Curió.
Paulo Rafael da Silva
Historiador e Educador
23 de novembro de 2012