domingo, 6 de setembro de 2015

DNAs de Antônias


Com trajetórias parecidas, Antonias migram para trazer sabedoria. Eram mestres na vida, legislavam sob a batuta da sabedoria, uma com o giz, outra com as ervas.

Sua função era ‘guardar cabeças’, até uma semana depois do parto.

Sempre atentas às proteções, Antonias se revezavam nos plantões, uma na Escola e outra na cadeira.

A Antonia da escola aposentou-se, mas não significa que não continue mestrando pela vida...

Já a da cadeira, continua sua vigília, torcendo para que as mães de maio, as sírias e as de Osasco cantem juntas com a mãe menininha e parecem crianças tanto quanto as que chegam, tanto quanto Violeta e Noah.

terça-feira, 18 de agosto de 2015


Chico Fumaça

Mistura de árabe com baiano, às vezes usava um Cachecol enrolado no pescoço, Chico Fumaça passava boa parte do tempo vendendo móveis ou alugando imóveis.

Sobre os imóveis, alugava um salão onde os pretos da leste, oeste, norte e sul vinham requebrar seu esqueleto, ao som de Jorge, Simone, Tim e Dayane.

Perto deste salão, havia um terreno vazio, de barro vermelho que empoeirava os sapatos coloridos de pretos e brancos, fazendo perceber que ali não existiam imóveis à venda!

Naquele momento, Biló era o Dj.

Já num tempo mais recente, sem a presença de Chico Fumaça e com o novo Dj da área, o baile continuou com o mesmo suingue, o mesmo coral, e muita alegria distribuída entre sorrisos e cortesias.


Em breve, não percam: o ônibus provavelmente não sairá no horário, nem chegará no tempo marcado, mas os dançarinos estarão presentes, parecendo um ‘domingo vinte três’, num ambiente efervescente como se fosse um bloco do antigo BNH.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015




ROLÊ NA ÁREA

Nino que um dia já foi Nina, engordou, ficou bonitinho, ganhou até uma caixa, mas sumiu.
Sua caixa, que já estava em frangalhos por conta do seu peso, ficou de canto, esperando para ser arrastada alegremente pra lá e pra cá pelos donos do gatinho e agregados.
Na ausência do Nino, Iatan veio de longe e ocupou o espaço da caixa vazia com sorrisos e carinhos. Engordou os agregados, comendo o doce de coco do tio Mirão e abraçando sorridente seu pai coruja e seus tios e tias babões...
Nino não aguentou, acabou voltando para sua caixinha, miando de saudades.
Já Iatan deixou brinquedos e borbulhas de amor no ar. Mas com certeza, logo, logo terá outro role.... Iatan vai saboreando o doce de côco com força suficiente para empurrar o Nino Malandrino em sua nova caixinha...

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Chi-Chi- Chi Le- Le-Le, - Chile, Chile Chile!!!!



A copa América se aproxima e o Bar Chela cabur em San Pedro do Atacama se prepara para receber ingleses, espanhois, alemães, holandeses, mexicanos e brasileiros.

Para isso, o teto está decorado com camisas de vários clubes do mundo todo, como por exemplo o Pusk Pusk da Finlândia ao lado do Vila Arapuá da comunidade de Heliópolis em São Paulo.
Seu administrador, muito simpático e comunicativo nos conta a história do bar e daquelas camisas enviadas por freqüentadores apaixonados de diversos países por aí...

O bar ainda conserva posters de filmes fixados nas paredes e de bandas de rock pesado, das antigas. Esse espaço fica situado entre as ruas Caracoles e Tocopilla. É quase uma sede da ONU, que reúne pessoas de todas as nacionalidades que divertem-se bebendo ótimas cervejas e assistem os jogos de futebol exibidos em três televisores bem posicionados no bar, enquanto outros preferem se dirigir ao museo astronômico,  onde é possível saber mais sobre o maior observatório do mundo, o ALMA.
Sob a intensa noite de lua cheia, com vista para os planetas, os moradores e turistas de Atacama contemplam as estrelas a olho nu, sem esquecer que no solo do deserto ainda se encontram ossadas humanas, vítimas da ditadura, pedindo justiça, como se fossem de animais pedindo por um pouco de água.
Enquanto isso, no Chelacabur seus freqüentadores pedem mais um gol ou mais uma cerveja, com a sede que o deserto provoca!

Viva El pueblo chileno!!!! Viva San Pedro do Atacama....

Perro querido!


 
Facundo é um perro nascido n o deserto, cheio de carinhos pra dar e carente como nosotros.

Logo cedo rondava o quarto dos hóspedes do Hostal Casa Del Pueblo a procura de pan e afagos.

Ouvia nossas conversas com uma garrafa de água presa nos dentes, se esforçando por entender nosso portunhol assuntos como Estado Islâmico e a FIFA ao mesmo tempo! Afinal qual é a diferença?

Facundo não podia entender porque a PUC – Universidade católica recusou a cátedra Foucault alegando que o mesmo era homossexual...

Como já dizia o grande poeta Ataulfo Alves “quanto mais conheço os homens, mas gosto do cão Facundo”...

domingo, 24 de maio de 2015

O Busão do Batucada ou Batucada no ônibus


 
 O Busão colorido saía da Patriarca, passava pela Nhocuné e subia pro mundão.

Em cada esquina dos clubes, tentava ouvir a música do lado de fora, lembrando os hits dos 4 Erres e as bases dos Daltons, o ouvido era realmente musical.

Esse Busão continha saudades, alegrias, cores e sambas de breque, produzidos pelo próprio motorista, que por sinal gosta mesmo de fazer batucada, e é conhecido como Juninho.

As cores viriam da alma como se fôssemos indígenas, negros, asiáticos e árabes todos misturados.

Seríamos muitos, mas caberíamos perfeitamente no Busão. Apertando-nos nos bancos e convidando os outros para dar um rolê na subida do morro.

E o Batucada sorrindo e contente dava seu breque: “Na subida do morro me contaram...”

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Carne seca no Picuí


ideia teria sido boa, não fosse a presença do Ruizão. Foi assim que Maurão enviou a mensagem pros 'Ão' -  Paulão, Tião e Eduzão.
Um bom prato, três geladas por conta da casa, mesa no quintal, com direito a assistir o futebol. Mal sabiam que tudo tinha sido aprovado, inclusive o jogo... mas o problema era outro.
Maurão, como numa provocação, insistia na carne seca, esquecendo-se que Ruizão, foi amamentado à base da ‘malvada’, passou a adolescência lustrando-a para que ficasse brilhante e na idade adulta foi obrigado a 'cortá-la' como se regesse uma orquestra sinfônica. 
Mão aqui, mão ali, corta aqui, corta acolá... Como se fosse Chiquinha Gonzaga, só não cortou jaca.
A delicadeza era a mesma, como se fosse uma pauta musical, Ruizão deslizava a peixeira e ia apreciando aquele aroma de carne seca, crua, até 'cair no choro'.

E, sendo assim, eu proponho uma punição para o Maurão, que foi o verdadeiro provocador dessa situação, quando sugeriu nosso encontro no Picuí, rodeado de carne seca:

1 – Que bebamos nossas águas de coco, nossos sucos e chás gelados.
2 – Que ele componha um choro pro Ruizão, ‘o choro do jabá’.




Paulo Rafael

22/04/2015